
Nos anos 80 e 90, o futebol já tinha em seu meio popular grandes zagueiros, basta citar a defesa do gigante clube da Itália, AC Milan, destes anos: Baresi, Maldini, Costacurta e Tassotti. Era fácil perceber uma tática mais defensiva, equilíbrio ou até ferrolhos.
Maradona brilhou nestes anos. Saído do Argentinos Juniors, passando pelo Boca Juniors e indo jogar na Europa pelo Barcelona e, depois, por sete anos no Napoli, o argentino tinha o trabalho constante de passar por diversos marcadores cuidando apenas sua movimentação, prontos para pará-lo a qualquer custo. Perseguição essa que muitos outros grandes craques do passado não tinham enfrentado.
Diego era baixo. Não era fraco - aguentava a pressão de jogadores muito maiores que ele -, mas também não tinha o melhor dos físicos. Em vez disso, ele possuía uma agilidade inata, uma visão de jogo inigualável e uma técnica apurada com a bola que servia para armar o jogo, driblar, chutar, tudo com muita qualidade. Sendo um jogador inteligente, ainda garantia passes desconcertantes sempre que um colega do time melhor posicionado aparecia.
Para observar melhor suas qualidades, basta lembrar daquele jogo, em 22 de junho de 1986. Copa do Mundo. Cidade do México, no Estadio Azteca. Quatro anos depois da Guerra das Malvinas, Argentina e Inglaterra se enfrentavam por uma quartas-de-final. O clima era tenso no local, os argentinos tinham a derrota na guerra engasgada nas gargantas e queriam a vingança.
O jogo começou duro, as duas equipes atacavam constantemente, Maradona armava os argentinos, o goleiro inglês parava o ataque como podia. O primeiro tempo acabou 0 a 0. E, aos seis minutos, Maradona decidiu que jogaria. Não necessariamente legalmente - Diego não era grande fã de regras, mas foi um Grande Craque, sem importar sua conduta fora ou dentro de campos -, e marcou o conhecido "Mano de Díos", um gol de mão, validado, depois de jogada dele, achando Valdano na direita e correndo para a área. Aquilo era uma afronta. Um gol de mão! Em plena Copa do Mundo! A Inglaterra perdia para uma de suas maiores rivalidades daquela forma...
...ou não. Maradona, ele de novo, fez o chamado "Gol do Século". Apenas quatro minutos depois da Mano de Díos, Diego recebe a bola antes do meio-campo, e, em dez segundos, dribla seis jogadores ingleses, em uma demonstração absurda de qualidade, agilidade e técnica, e faz o segundo gol. Aquilo seria o suficiente para vencer o jogo, mesmo com a tentativa de reação dos ingleses - Gary Lineker marcaria um gol para diminuir a vantagem da Argentina. Dois gols míticos, uma só partida. Apenas um craque como Maradona poderia fazer isso.
Diego era a apoteose do jogador argentino, e não há história de vida ou extra-campo que apague seus dribles, gols e passes. Ele entregou, sozinho, uma Copa do Mundo para uma nação apaixonada por futebol, encheu de lágrimas olhos de torcedores e torcedoras, encantou, marcou seu nome para sempre na bela história do futebol.
E, se quiser, pode até se apresentar hoje em dia, com estilo, que não há ninguém para desmentir:
- Dieguito Maradona, mas pode me chamar de D10s.
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