Machões e cabeças-duras

Nos últimos dias, a crônica esportiva gaúcha tem caído com tudo sobre Fossati e Silas, os técnicos da dupla GreNal. As críticas têm sua dose de razão, mas algumas passam pela paranóia de achar o erro não importa o que os treinadores façam. Com Fossati, o principal problema é o esquema. Com Silas, a escalação escolhida.

● Embora a cobrança de parte da imprensa e da torcida do Internacional insistam em ver o time jogar no 4-4-2 (formação que eu também sou favorável por usar no Gauchão), eles não compreendem alguns dos motivos do uruguaio Jorge Fossati por insistir, também, com a sua própria formação de escolha, o 3-5-2. O principal argumento utilizado é que, já que a 3-5-2 proporciona uma defesa mais numerosa e deveria cobrir os espaços deixados no sistema defensivo do Inter, a formação vem sendo inútil, pois os problemas continuam aparecendo.

Devemos lembrar, antes de tudo, que em 2009 o Inter teve o ataque mais eficiente do mundo. Isso mesmo. Do mundo. Time nenhum marcou mais gols que o Inter no globo inteiro. 156 gols. A partir daí, continuasse tudo igual no ataque e melhorasse na defesa, principal motivo de fracassos acumulados na temporada, o time deslancharia. Mas falta ver aquilo que realmente aparece: a zaga colorada era frágil demais em 2009 e em 2010, com um zagueiro na sobra, já melhorou muito. Contra o Emelec, o gol equatoriano apareceu em erro individual de um dos zagueiros. Contra o Novo Hamburgo, um chute de fora da área, golaço no ângulo, que não poderia ter sido impedido a não ser com um milagre do goleiro.

Então, é inútil analisar o esquema de Fossati como ineficiente. O problema verdadeiro está, agora, no ataque, que perde o número de jogadores chegando para concluir com um zagueiro a mais. A zaga colorada cresce com três homens, e aos poucos os problemas são concluídos. O Inter pode, sim, jogar no 3-5-2, inclusive apoiando-se sobre Kléber e Nei, que, numa formação 4-4-2, nunca chegariam tanto, parte do trunfo colorado.

● E falar sobre Silas? Bem, Silas continua com suas escalações contestadas. Vamos tentar dissecar um pouco o motivo de cada setor ser escalado como é. Primeiro, a zaga. A zaga gremista, este ano, é limitada assim mesmo. Toma gols bobos contra adversários fracos. Com titulares como Maurício e Rafael Marques, não há o que se surpreender, ambos são jogadores medianos. Com as chegadas de Rodrigo e Ozéia (indicação de Silas, mais uma), podemos esperar uma melhora. Agora, Mário Fernandes começa a ganhar chances na zaga. Daí sim o Grêmio pode melhorar. Mário é um jogador diferenciado, um possível craque no futuro, e sua posição é de zagueiro.

Nas laterais, tudo indica uma melhora, com a chegada de Edílson e mais chances a Bruno Collaço, promissor lateral-esquerdo. No meio-campo aparecem os maiores problemas. Os volantes titulares, Ferdinando e Rochemback, não são os melhores à disposição. Ou alguém aqui tem dúvida que Adílson e William Magrão possam atuar com mais qualidade no setor? Fernando, promessa de 20 anos e destaque das categorias de base, também tem tudo para dar certo no time. À frente, Douglas é a única certeza, e, até Souza voltar de lesão, seu parceiro na armação passa a ser uma incógnita. Hugo ou Maylson? Eu votaria nenhum deles. Não dá para decidir se Hugo é atacante ou armador. E Maylson não tem sequência para mostrar seu melhor futebol. Douglas e Mithyuê talvez formassem a melhor dupla de ligação com o ataque do Olímpico.

No ataque, William, uma indicação de Silas, simplesmente não mostrou ainda se tem futebol ou não para jogar no Grêmio. Sem Borges e Leandro, fora por lesão, a torcida tricolor vai ter que se contentar com a sua presença dividindo a área com Jonas, o goleador contestado. Nem falo do goleiro gremista, porque não há o que falar. Victor é o dono da camisa 1 e o resto é o resto.

● Saindo um pouco do Olímpico, visitamos outros tricolores. O São Paulo. Recentemente, saiu uma reportagem na Placar que quem gosta de futebol não pode perder. "O Jogador Mais Macho do Brasil", sobre o volante Richarlyson, é uma das matérias mais bem feitas que já tive o prazer de ler, por alguns simples motivos, e, um deles é o seguinte: fala aquilo que todos deveriam dizer, e que do presidente à torcida do Flamengo sabem que é verdade.

● Opa, falando em Flamengo e em machões... o clube dos escândalos está com mais um espreitando, e, dessa vez, enquanto Adriano é mais uma vez o protagonista, temos um coadjuvante de luxo. O goleiro Bruno.

O goleiro rubro-negro disse mais ou menos o seguinte: "Ah, ele brigou com a noiva, mas quem aqui nunca saiu na mão com a mulher?". Simplesmente inacreditável. Então quer dizer que o senhor Bruno é um adepto de bater na mulher? E mesmo que não seja, qual o motivo de tal declaração? Pura estupidez ou uma ingenuidade fora do padrão? Não bastasse o alcoólatra Adriano e os problemas com Petkovic, parece que o Flamengo mais uma vez vai ser vencido por fatores extra-campo.

Foi derrotado assim na Libertadores contra o América, quase deixou o título brasileiro escapar pelo oba-oba do clube e agora ocupa a mídia mais uma vez pela conduta nada exemplar de seus jogadores. E depois se a imprensa critica a estrutura dos clubes do Rio de Janeiro, ninguém escuta.